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A maior operação de resgate a um submarino é feita perto do Brasil

Navio polar norueguês Skandia Patagonia

A maior operação de resgate de um submarino perdido está acontecendo bem ao sul do Brasil, a leste da costa argentina da Patagônia. Aviões de navios de doze países estão envolvidos, desde o sábado (18nov2017) para salvar 44 marinheiros que estão a bordo do submarino argentino ARA San Juan. O barco fez seu último contato com rádio no sábado e, desde então, pouco se sabe sobre o que aconteceu à nave. Só se sabe que estava a uns 440 quilômetros a leste de Comodoro Rivadavia. E nada mais.
A operação que envolve até mesmo um avião da Nasa para tentar localizar o submarino é a maior da história. Inclusive unindo inimigos históricos. Os ingleses, que se envolveram contra a Argentina na Guerra das Falklands, foram os primeiros a direcionar um navio polar para a área de buscas. O HMS Protector, um gigante de pesquisa polar está, desde o final de semana, tentando localizar algum sinal do submarino. O Brasil enviou uma fragata e um navio de socorro submarino, o equipadíssimo Felinto Perry. Os brasileiros também participam com um avião de busca e salvamento marítimo P-3 Orion e um navio da Petrobras.
Em 2000, o mundo ficou perplexo com o acidente do submarino nuclear Kursk, no polo norte. O submarino russo, capaz de ficar mais de um ano debaixo d´água, era o orgulho da indústria naval da ex-União Soviética. Era uma máquina de guerra muito letal, capaz de lançar 24 mísseis mar-terra de uma só vez, além de dezenas de torpedos e outras armas. Um dos torpedos teria explodido na proa (frente) do submarino, o que vez com que entrasse água no navio. Com a estanqueidade de alguns compartimentos, muitos dos mais de 100 marinheiros conseguiram ficar vivos por dias. No entanto, o orgulho russo não permitiu que equipamentos dos Estados Unidos, Alemanha e Noruega chegassem até o submarino. Os russos temiam que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) tivesse acesso a tecnologias sensíveis. Ale´m do torpedo que explodiu, a burrice russa matou os marinheiros que não morreram com a explosão. Morreram sufocados por falta de oxigênio. Cartas de despedida para as famílias foram encontradas aos montes pelas equipes que conseguiram levar o Kursk à superfície. Tardiamente.

Submarino nuclear russo Kursk



No caso dos argentinos, a situação é diferente. A Marinha Argentina aceitou ajuda internacional. A busca envolve equipamentos gigantescos, como o navio norueguês Skandia Pagatonia. É ele que está levando, a partir desta terça-feira (21nov2017) o robô submarino norte-americano para a localização do San Juan. Também é norte-americana uma moderníssima cápsula que encosta na escotilha do submarino e consegue, debaixo de grandes profundidades, estabelecer uma conexão com o interior do navio. Conectada, é possível transferir até seis marinheiros por vez até a superfície.

Uma das últimas fotos do San Juan antes do desaparecimento


A luta é contra o tempo. Submarinos, ironia do destino do San Juan, são feitos para não serem localizados. São pretos, com poucos pontos de identificação e recobertos de materiais que despistam ondas de radar. Caso esteja debaixo d´água, os marinheiros submarinistas têm provisão de oxigênio até quinta-feira. Mesmo sem luz, a tripulação é treinada para manusear todos os comandos apenas com o tato. Submarinistas são marinheiros que têm treinamentos similares aos de astronautas.
Operações de resgate de submarinos são raras em tempos de paz. E são essenciais para o conhecimento universal de marinharia. Todos os protocolos são testados e validado. O que as equipes estão aprendendo nas costas da Argentina vai ser usado em outros acidentes.

HMS Protector 

O navio brasileiro de resgate submarino Felinto Perry 



O Atlântico Sul é para os fortes. Até hoje, as condições do mar no local do resgate são as piores possíveis. Vídeos feitos pelas tripulações dos navios mostram ondas de até oito metros de altura. O mar gelado, a pouca visibilidade e a falta de informações aumentam as dificuldades e a tensão.



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