Pular para o conteúdo principal

Uma nova profissão cresce sem fazer alarde

O agente autônomo e a democratização do mercado de capitais

Guilherme Benchimol, Valor Econômico

Enquanto a maioria das pessoas ainda sonha em se tornar médico, engenheiro ou advogado, poucos percebem o nascimento de uma profissão tão promissora quanto as mais tradicionais, a de agente autônomo de investimentos: um profissional focado na distribuição de produtos financeiros, que atua como preposto de corretoras.
A continuidade do Plano Real, a melhora na renda do brasileiro e a redução das taxas de juros geraram um duplo efeito na sociedade brasileira: fizeram despertar naqueles que não investiam o interesse em fazê-lo e levaram os poupadores tradicionais a buscar novas formas de investimento.

É por isso que essa profissão estará entre as que mais crescerão nos próximos anos. Atualmente existem 7 mil profissionais habilitados a atuar no setor, número infinitamente inferior a de países desenvolvidos e mesmo em desenvolvimento, como Índia e China. Se imaginarmos que o número de investidores na bolsa brasileira aumentará 10 vezes em 5 anos (estimativa da bolsa) e que o agente autônomo pode distribuir qualquer produto financeiro (ações, fundos de investimentos, títulos de renda fixa etc), possivelmente teremos cerca de 100 mil profissionais atuando em 2015.

O agente autônomo está para a corretora de valores assim como os corretores de seguros estão para as seguradoras e os correspondentes bancários para os bancos etc. Essa comparação é pertinente para que se entenda que a figura do agente independente, que atua por conta própria, não é restrita ao mundo dos investimentos, existindo nos mais variados segmentos econômicos. Também é oportuno esclarecer que o agente autônomo de investimento não é uma invenção brasileira, existindo, senão em todos, em boa parte dos países, e tendo funcionado como motor do crescimento do mercado financeiro mundo afora.

Pelas dimensões do Brasil, o agente deve ser visto como a maneira mais eficiente de popularizar os investimentos, tendo capacidade de atingir praças que dificilmente seriam abraçadas pelo mercado de capitais. Diferentemente dos gerentes de bancos, que estão focados em produtos bancários, o agente autônomo atua com produtos de investimentos. A população, amadurecida pelo crescimento econômico, quer mais do que um cartão de crédito ou limite no cheque especial; ela quer saber como e onde investir.

O único problema é que poucas instituições estão preparadas para atuar com agentes autônomos e isso pode ser um empecilho para a ascensão dessa nova classe.

O número de processos administrativos na CVM e na Bolsa, em virtude de problemas relacionados à atuação do agente autônomo, aumentou nos últimos anos e fez acender o sinal amarelo nos órgãos reguladores, que vem buscando melhores formas de regular a atividade. As medidas propostas são válidas e sem dúvida devem ser implementadas. Contudo, o problema maior não está na atividade do agente autônomo, mas sim no exercício dessa atividade sem os devidos controles.

Eu talvez esteja em posição privilegiada para analisar a nova regulamentação proposta pela CVM. Comecei em 2001 como agente autônomo e, depois de anos, constituí, junto com outros agentes autônomos, uma corretora de valores.

A exclusividade tão questionada nas últimas semanas me parece vital para a profissionalização da atividade. E a explicação é simples: o agente autônomo, tal qual estabelecido nas normas que regulam a atividade, é considerado uma extensão da corretora, o que significa que a corretora é responsável por seus atos. Assim, nada mais natural e lógico que a CVM exija que esse profissional atue apenas por meio de uma instituição. Não parece fazer sentido alguém assumir a responsabilidade por algo que não possa adequadamente supervisionar.

Pela nova norma proposta, as corretoras que optarem por trabalhar nesse segmento terão que adotar uma série de controles, dentre os quais: equipes de treinamento de autônomos, de controle de risco, de auditoria de ordens e controle de qualidade, de análise, de suporte etc.

Podem parecer muitos os controles, mas - e isso posso dizer com conhecimento de causa - são eles fundamentais para o adequado exercício da atividade do agente autônomo.

O futuro está nítido: o agente autônomo será uma das profissões do futuro e o grande responsável pelo desenvolvimento do mercado de investimentos brasileiro.

Autor(es): Guilherme Benchimol
Valor Econômico - 08/06/2010

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pouco mais de Cláudio Bier. A pedidos

Cláudio Bier em seu escritório na Masal  Cláudio Bier é um dos maiores empregadores privados de Santo Antônio da Patrulha. Juntando as duas unidades da Masal - a patrulhense e a fábrica em Farroupilha -, a empresa dá emprego para mais de 270 pessoas. A metalúrgica Jacuí, que ficou responsável pela fabricação da linha agrícola (carretas graneleiras e implementos para plantio), emprega 40 pessoas em Cachoeira do Sul. A filha Maremília está sendo preparada por Bier para assumir o comando das indústrias. É formada em administração de empresas, aperfeiçoou o inglês em uma temporada de mais de um ano fora do país e foi a responsável pela reestruturação da Jacuí assim que o pai assumiu a empresa. Mesmo na crise que tomou conta da economia brasileira no segundo mandato da presidente cassada Dilma Rousseff, a Masal conseguiu manter-se firme no mercado. Com muitas decisões baseadas nos dois pés no chão, Cláudio Bier conquistou uma estabilidade extraordinária. Em 2016, a empresa teve um

Bela em Rivazto - Bruna Muniz Barcelos

Bruna Muniz Barcelos, 23 anos, nascida no dia 18 de Abril de 1993 é residente de Santo Antônio da Patrulha. Bruna é filha de José Levi Gomes de Barcelos e Maria Nelci Muniz Barcelos. Atualmente está no quarto semestre de Psicologia na instituição UNICNEC e trabalha no Sindicato Rural de Santo Antônio da Patrulha. Sobre os seus planos futuros, a jovem diz que vive o presente,  além de se formar e atuar na área.  Bruna afirma que carrega consigo uma determinação inexplicável,  que tudo que coloca em mente geralmente põe em prática e acredita que isso seja um ponto positivo. Ela acredita que toda essa "garra" venha da personalidade, um tanto quanto forte, brinca que o signo de Áries a define sempre.  O ensaio foi realizado dia 11 de Fevereiro deste ano pelo fotógrafo Édipo Mattos. Contou ainda com a produção de Rafael Martiny e maquiagem de Aline Costa. 

Lojas Havan em Santo Antônio?

Fachadas das lojas têm a tradicional réplica da Estátua da Liberdade (foto: site Havan)  A tradicional rede catarinense de lojas de departamentos Havan pode ter visto no seu radar de expansão o município de Santo Antônio da Patrulha. No dia 6 de janeiro, o vice-prefeito José Francisco Ferreira da Luz, o Zezo, fez um contato com o diretor de Expansão da empresa, Nilton Hang, oferecendo a possibilidade de um terreno às margens da BR-290 Free-Way para uma eventual instalação de uma loja. O contato foi informal e ainda não houve nenhuma documentação de interesse por parte da prefeitura de Santo Antônio da Patrulha. Mesmo que tenha sido o primeiro contato, fica a torcida para que Santo Antônio possa ser a sede da primeira loja da empresa, que já tem pontos em 14 estados brasileiros. Para quem costuma ir a Santa Catarina, o visual das lojas impressiona. Todas elas têm réplicas enormes da Estátua da Liberdade junto ao estacionamento. As Lojas Havan vendem de louças a brinquedos, roupas