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Ao longo do tempo, aplicações periódicas diminuem o risco.

Aplicação periódica em ações: uma estratégia racional e eficiente


É comum ouvirmos que os pequenos investidores costumam aplicar seus recursos em renda variável nos momentos em que os mercados estão sobrevalorizados e resgatam suas aplicações nas baixas de mercado. A armadilha pode se transformar em perdas e descontentamento com o mercado acionário. A máxima está se distanciando cada vez mais da realidade, porque os pequenos investidores hoje estão mais amadurecidos e sabem esperar com mais sabedoria a maturação de suas estratégias de investimento.

No fim da década de 90, era comum observar o chamado "efeito manada". Isto é, em momentos de crise financeira acontecia um movimento de grande redução dos investimentos em ações por parte dos pequenos investidores, após forte queda das bolsas.

Tal atitude pode ser atribuída à inexistência de uma cultura em nosso país de investimento de longo prazo em ativos de risco, à falta de um maior conhecimento da dinâmica do mercado de ações e ao temor de perdas financeiras nas economias dos investidores de renda variável. Os mesmos acabavam resgatando suas aplicações nos momentos de ápice das crises que passaram a ocorrer em bases anuais entre o fim da década de 90 e o começo da década seguinte.

As perdas se materializavam e as chances de recuperação numa possível volta do mercado se tornavam remotas. Após o trauma, o retorno desses investidores ao mercado de renda variável demandava, invariavelmente, muito tempo.

Nos últimos dez anos, a acentuada evolução tecnológica permitiu um aumento extraordinário do fluxo de informações entre os vários agentes do mercado e da economia, tornando mais claro e difundindo melhor os cenários macroeconômicos e os aspectos setoriais que, em última instância, afetam os resultados das empresas e o comportamento de suas ações.

A revolução no acesso às informações, numa segunda etapa, exigiu uma maior transparência por parte das empresas, trazendo de volta a confiança aos investidores. Além disso, melhores práticas de governança corporativa e uma atuação mais ativa dos órgãos reguladores proporcionaram uma maior disseminação do mercado acionário no Brasil.

A pergunta que fica é: como fazer com que o investidor menos informado reduza o risco de investir em ações diretamente ou via fundos mútuos, em momentos errados? Uma alternativa poderia ser a de adoção de uma estratégia de investimento periódico. Ou seja, efetuar aplicações sistemáticas direcionando parte de seus investimentos para ativos de renda variável propiciando maior disciplina ao investidor, minimizando o risco de influência das emoções no processo de investimento e evitando que coloque todos os seus "ovos numa mesma cesta e de uma vez só". Dessa forma, performances de curto prazo deixam de desvirtuar a sua filosofia de investimento que passaria a ser de longo prazo.

Vamos supor que um investidor aplicasse no Índice Ibovespa todo primeiro dia útil de cada mês entre janeiro de 2000 até dezembro de 2009. Dos 132 investimentos mensais, só em 2 situações estaria com resultado negativo acumulado no final do período, indicando que uma entrada realizada de uma vez só pode potencializar os riscos de resultados negativos no investimento.

No exemplo acima, a alocação periódica acabou amortecendo os movimentos bruscos de uma das maiores crises da história econômica mundial, ocorrida em 2008, porque a carteira já apresentava uma rentabilidade positiva em relação ao capital investido no momento da recessão, fazendo com que o investidor encarasse com mais naturalidade perdas de curto prazo.

O que pretendo mostrar é que, para aquele investidor que não tem tempo de acompanhar de perto o mercado acionário, o mais racional seria montar um cronograma mensal de aportes compatível com os recursos disponíveis para que possa obter resultados a longo prazo em bolsa sem se preocupar com oscilações de curto prazo que possam afetar as decisões de investimento, tornado-a emocional. Ou seja, o segredo é racionalidade, disciplina e parcimônia.


Jorge Ricca, Valor Econômico, 16/06/2010

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