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Mesmo com queda do PIB, falta de talentos permanece

Marcelo Mariaca, Brasil Econômico


O país vai crescer menos este ano em relação a 2010, conforme admitem as próprias autoridades governamentais. Mas o chamado apagão de talentos vai continuar, pois não temos um estoque de profissionais para atender às demandas do crescimento e não há tempo suficiente para formar mão de obra qualificada.

Ou seja, as empresas vão continuar enfrentando a carência de profissionais especializados.

O caso dos engenheiros é o mais citado, porque a formação desse profissional tem forte impacto na inovação tecnológica.

Segundo estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação, relativo a 2009, o Brasil deveria aumentar em 21% a formação de engenheiros para sustentar um crescimento econômico da ordem de 5% ao ano. Já para elevação de 7% do PIB, seria necessário ampliar para 41% o número de formandos nas faculdades de engenharia.

Em outras palavras, por falta de engenheiros, o Brasil não tem condições de sustentar o patamar de crescimento registrado no ano passado, de 7,5%. O mais dramático no estudo da Capes é a comparação do número de engenheiros formados no Brasil, cerca de 40 mil, com outros países emergentes. A Rússia forma 190 mil, a Índia, 220 mil e a China... Bem, a China forma 650 mil.

Mas a escassez de profissionais qualificados não se restringe aos engenheiros.

Nesses dias, a Vale anunciou que vai conceder quase dois salários a empregados que prometerem ficar na empresa por um certo período. Com isso, a maior empresa privada brasileira quer evitar a saída de profissionais para a concorrência.

Recentemente, o presidente da IBM Brasil alertou que o país, para manter um nível de crescimento mais acelerado, precisa investir mais em inovação. Mas a maior parte dos setores, incluindo o de tecnologia da informação, tem dificuldades em aumentar esses investimentos, seja pela falta de recursos e estímulos, seja pela incerteza do nível de retorno, seja pela escassez de profissionais altamente qualificados.

Segundo o Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), poderá haver, dependendo dos vários cenários analisados, um déficit de 80 mil a 200 mil de profissionais de TI já em 2013.

Seria tedioso enumerar aqui levantamentos de vários setores que enfrentam dificuldades para contratar ou reter talentos. Poderíamos ficar apenas com a pesquisa "Carência de Profissionais no Brasil", da Fundação Dom Cabral, feita em março deste ano com 130 empresas brasileiras de grande porte.

O estudo revela que 74% das organizações pesquisadas lidam com a escassez de profissionais capacitados para ocupar vagas de nível tático e estratégico, no alto escalão. O percentual sobe para 92% das empresas que têm dificuldades em recrutar talentos para cargos diversos.

Tudo isso significa que, mesmo com um crescimento do país de 3% a 4%, as empresas estão buscando alternativas para atrair e reter talentos.

Conforme constatou a pesquisa da Fundação Dom Cabral, 69% das empresas consultadas afirmaram que diminuíram as exigências para o recrutamento de candidatos aos níveis mais altos, focando aqueles que demonstram aderência à cultura organizacional e disposição para ser treinados.

Diante da dificuldade de encontrar talentos disponíveis no mercado, outras empresas optam por acelerar o treinamento e o processo de promoção da chamada "prata da casa". A maior parte das organizações já oferece pacotes de remuneração e benefícios mais atraentes e bônus pontuais, como no caso da Vale.

Em resumo, o mercado de recrutamento de talentos deverá continuar aquecido.

Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School

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