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O acordo com os aiatolás

Aqui, no meu macbook, batuco umas linhas a respeito do tão festejado acordo entre Brasil, Irã e Turquia fechado na madrugada de segunda-feira em Teerã. O Irã vai continuar enriquecendo Urânio, o que é a grande gritaria de Estados Unidos e Israel. Vai mandar seu minério radioativo para ser enriquecido a mais de 30% na Turquia, mas vai continuar enriquecendo em suas centrífugas plantadas no meio de desertos. Esse assunto de enriquecimento de urânio é complicado. Acontece que o urânio como é encontrado na natureza – e o Brasil é um dos maiores produtores mundiais – não é capaz de acendeer nem mesmo uma lâmpada. No entanto, processos industriais que transformam a pedra e pasta, depois em gás e depois em urânio enriquecido, deixam o produto pronto para mover usinas, equipamentos médicos, navios nucleares e até – o que é mais temido – servir de combustível para uma bomba atômica. Das mais variadas fontes vem a informação de que os iranianos não dispõem, ainda, de tecnologia para fazer urânio enriquecido a mais do que 3,5% em larga escala. Para uma bomba, são necessários mais de 85% de enriquecimento. O medo dos Estados Unidos e de Israel é que os iranianos tenham a bomba em cinco a dez anos. Capacidade para lançá-la os aiatolás já têm. O Irã tem um programa de desenvolvimento de mísseis com mais de vinte anos de investimento ininterrupto. O programa de lançadores de curta, média e longa distância é desenvolvido em conjunto com seu programa espacial. O Irã já é capaz de lançar satélites de comunicação com tecnologia 100% nacional, desenvolvida a partir de mísseis Scud do tempo da União Soviética. Isso tudo combinado deixa os norte-americanos de cabelo em pé. E os israelenses, aliados umbilicais dos Estados Unidos, também. O Irã para estes dois países, representa uma ameaça à presença do “Ocidente” no Oriente Médio. O Irã não é fácil de ser invadido como foi a terra de ninguém de Saddan Hussein. O país dos aiatolás tem exército, marinha e força aéreas bastante fortes para rechaçar, com muito mais força e eficiência, um ataque coordenado pelos Estados Unidos. Claro, dependendo da vontade das tropas norte-americanas, o país seria invadido e o regime dos aiatolás seria deposto. Não há dúvida de que os Estados Unidos têm o melhor e mas poderoso poderio bélico do mundo. Testado e aprovado.O que os norte-americanos querem é a desestabilização do regime. Disso ninguém duvida. Isso é fundamental para a manutenção do poderio estadunidense em escala mundial. Não interessa a força de um Irã unificado, empoderado por seus parceiros do mundo muçulmano e, acima de tudo, com arsenal atômico.O Irã não é um país árabe. Apesar do alinhamento político – a partir da matriz religiosa – o Irã é mais próximo de Paquistão e Afeganistão do que Iraque, Síria, Arábia Saudita ou Iêmen. Além de tudo, é um país muito, muito antigo, com mais de seis mil anos de história documentada. E com uma língua só deles, o persa. Voltando ao acordo... Ele não vale muita coisa. Vale mais como um documento político do que – verdadeiramente – o que os Estados Unidos preconizam: o abandono das pretensões nucleares do Irã. O documento assinado por Irã, Turquia e Brasil mostrou que os turcos estão muito dispostos a serem A potência regional no Oriente. Uma espécie de reedição do império otomano, que reuniu sob o sultanato de Istambul todo o mundo muçulmano na Idade Média. Com a chancela, e o oferecimento das suas centrífugas para enriquecer o urânio, a Turquia mostra sua importância na região. Os turcos querem entrar na União Europeia, já fazem parte da Otan e fazem a ponte entre o Oriente e as potências ocidentais. Ponte, aliás, que está na geografia de Istambul, a cidade turca mais importante. Istambul está plantada entre a Europa e a Ásia. Juntando Brasil e Turquia, aí sim, a coisa fica interessante. São dois países que têm muito em comum. Os turcos gostam dos brasileiros de uma maneira muito especial. É só falar que é brasileiro em qualquer ruela de Istambul para ser bem tratado. Os dois países têm mercados parecidos e posições geopolíticas muito similares. Eu acredito que o acordo não é tudo. Mas é um grande passo para a distensionar a relação entre o Irã e as potências ocidentais.

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