Sou filho de nordestino. Nascido e criado no Rio Grande do Sul, tenho o sotaque gaúcho. Mas incorporei, com orgulho, expressões nordestinos ao meu vocabulário. Ser filho de nordestino, com muita hora, não me tira o direito de achar que muito político nordestino não é muito afeito à moralidade e ao cuidado com a coisa pública.
Escrevo isso motivado pela infeliz declaração de uma vereadora de Farroupilha, que nesta semana disse - durante uma sessão da Câmara da cidade serrana - que políticos nordestinos sabem se unir para roubar.
Pois bem. Nada de incrível ou surpreendente. Mas é uma afirmação que não fica longe da verdade.
Nos últimos anos, políticos eleitos pelos estados nordestinos não tiveram cuidado em respeitar o que é público. Renan Calheiros, José Sarney, Fernando Collor, Roseana Sarney, Humberto Costa, Severino Cavalcanti, Antônio Carlos Magalhães...
A lista é grande de políticos de expressão nacional que tiveram, em menor ou maior grau, algum tipo de problema não respeitando o dinheiro público.
O mais recente da lista é Lula, ex-presidente da República nascido no interior de Pernambuco. Ele é réu em seis inquéritos, responsável pela maior crise política, econômica e social já vivida pelo país desde a Independência.
Todos eles, os políticos nordestinos citados aqui, têm em comum a velha prática do coronelismo, do voto de curral e do populismo exacerbado. Todos eles se valeram, em determinada etapa de suas vidas políticas, do coitadismo institucionalizado baseado na chama indústria da seca.
Sim, o nordeste brasileiro tem partes onde a chuva custa a cair. Nada diferente de partes do Texas ou Califórnia, nos Estados Unidos, na Austrália ou em Israel, para citar países onde há também grandes nacos de terra seca.
O triste é saber que, por muitos anos, a agrura da seca foi usada por políticos nordestinos para se elegerem. Além, é claro, de buscar verbas para "mitigar" o sofrimento do sertanejo.
O sertanejo continua sofrendo, mesmo com todas as verbas que já foram para o nordeste.
Voltando a Farroupilha. A declaração da vereadora foi infeliz. Muito. Poderia ter dado o recado dizendo tudo de outra forma. No entanto, o conteúdo de sua manifestação, com toda a carga de infelicidade deste mundo, é verdadeiro.
A bancada gaúcha no Congresso Nacional é muito ruim. Salvam-se dois ou três deputados federais.
É bom lembrar disso antes de criticar os políticos nordestinos.
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