Assis Medeiros
Lá por 1981, 1982, ganhei do meu pai um binóculo. Era um sonho. E o pai, com sacrifício, me deu o presente. Era um binóculo feito na China. Certamente, uma cópia de alguma marca de binóculo. Mas, para o fim a que se prestava, dar algum zoom para os olhos do guri dos oito, nove anos, o instrumento funcionou. Provavelmente, aquele binóculo significava os primeiros estágios da indústria chinesa que buscava o mercado mundial com seus produtos. Trinta anos depois, vemos os tecidos, roupas, brinquedos, produtos eletrônicos dos mais sofisticados e até batata frita feitos na China e vendidos aqui no Brasil.
Só para pegar o recorte dos automóveis; hoje, os carros feitos na China por marcas chinesas já representam 9,1% dos automóveis importados que rodam no Brasil. Há menos de dois anos, esse percentual estava em 2,4%. Se continuar nesse ritmo, os importados chineses que rodam no nosso país devem chegar a 30% do volume de carros importados até o final do ano que vem. Não se discute aqui nem qualidade, nem rede de assistência técnica. Apenas mostra-se que os chineses estão vindo, vindo, vindo.
Nesta quinta-feira, o mundo foi surpreendido por mais uma peripécia chinesa. Foi lançado ao espaço o foguete Longa Marcha, levando consigo o módulo Palácio Celeste (Tiangong-1), que vem a ser o primeiro módulo da estação espacial chinesa. Sim, os chineses fincaram no espaço a pedra fundamental da sua própria estação espacial. Até 2020, ela deve estar completa. E vai servir de base para pesquisas e para permanência no espaço dos astronautas chineses – os chamados taikonautas – por longos períodos sem gravidade.
O lançamento teve pouca repercussão na imprensa. Não esta figurando nas capas dos sites de notícias. É preciso clicar nas editorias de Ciência para saber mais informações sobre a estação espacial chinesa. O equipamento e a sua colocação em órbita refletem uma impressionante estilingada no programa espacial chinês. Em 2003, eles colocaram em órbita – e trouxeram de volta – o oficial de aeronáutica Yang Li Wei, que se tornou o primeiro astronauta-taikonauta chinês. Dois anos depois, uma missão levou dois homens ao espaço. Em 2008, os chineses foram em três para o espaço e fizeram uma caminhada espacial fora da nave. Impressionante.
Hoje, ao mesmo tempo em que lançam o primeiro módulo da sua estação espacial, os chineses anunciam que vão levar ao espaço em 2012, a primeira mulher taikonauta.
Pois bem. Voltando ao binóculo malfeito do início dos anos 80. Os chineses deram um pulo. Fazer uma cópia de um binóculo ou mesmo inundar o mundo com automóveis necessitam de esforço, mas requerem pouca inovação tecnológica.
Colocar algo em órbita e – o que é mais difícil – trazer de volta à Terra, não é coisa para qualquer um. Até hoje, na nossa breve história de conquista espacial iniciada na metade do século 20, apenas norte-americanos e russos colocaram coisas e gentes em órbita e trouxeram de volta. Atualmente, com os cortes orçamentários nos Estados Unidos, apenas a Rússia vem colocando astronautas (ou, como os russos e ex-soviéticos chamam, cosmonautas) em órbita. Vale lembrar que a nave russa, a Soyuz, é projeto da década de 60, com poucas alterações em seu desenho original.
Esse quadro, amigos, até a entrada da China em órbita.
O Brasil, o B dos Brics (que tem a Rússia, a Índia e a China) é o único dos três países que até hoje, não conseguiu colocar nada no espaço. A Índia já mandou diversos satélites em órbita por seus próprios foguetes. O Brasil, até agora, nada.
Levar alguma coisa para o espaço. E trazer de volta com segurança, é fruto de muito investimento, muita pesquisa e tecnologia. Vale ter sido ufanista quando, em 2006, foi um brasileiro ao espaço. O coronel Marcos Pontes foi de carona numa nave russa à Estação Espacial Internacional. Agora, é importante fazer o mea culpa e ver que nosso programa espacial (que traz consigo condições de pesquisa médica, farmacêutica, de defesa, climatológica...) engatinha. Enquanto essa situação perdurar, vamos ver russos, indianos e chineses conquistando o espaço.
Até hoje, não temos no Brasil um programa espacial. Nem marca própria de automóveis. Nem de binóculos.
Lá por 1981, 1982, ganhei do meu pai um binóculo. Era um sonho. E o pai, com sacrifício, me deu o presente. Era um binóculo feito na China. Certamente, uma cópia de alguma marca de binóculo. Mas, para o fim a que se prestava, dar algum zoom para os olhos do guri dos oito, nove anos, o instrumento funcionou. Provavelmente, aquele binóculo significava os primeiros estágios da indústria chinesa que buscava o mercado mundial com seus produtos. Trinta anos depois, vemos os tecidos, roupas, brinquedos, produtos eletrônicos dos mais sofisticados e até batata frita feitos na China e vendidos aqui no Brasil.
Só para pegar o recorte dos automóveis; hoje, os carros feitos na China por marcas chinesas já representam 9,1% dos automóveis importados que rodam no Brasil. Há menos de dois anos, esse percentual estava em 2,4%. Se continuar nesse ritmo, os importados chineses que rodam no nosso país devem chegar a 30% do volume de carros importados até o final do ano que vem. Não se discute aqui nem qualidade, nem rede de assistência técnica. Apenas mostra-se que os chineses estão vindo, vindo, vindo.
Nesta quinta-feira, o mundo foi surpreendido por mais uma peripécia chinesa. Foi lançado ao espaço o foguete Longa Marcha, levando consigo o módulo Palácio Celeste (Tiangong-1), que vem a ser o primeiro módulo da estação espacial chinesa. Sim, os chineses fincaram no espaço a pedra fundamental da sua própria estação espacial. Até 2020, ela deve estar completa. E vai servir de base para pesquisas e para permanência no espaço dos astronautas chineses – os chamados taikonautas – por longos períodos sem gravidade.
O lançamento teve pouca repercussão na imprensa. Não esta figurando nas capas dos sites de notícias. É preciso clicar nas editorias de Ciência para saber mais informações sobre a estação espacial chinesa. O equipamento e a sua colocação em órbita refletem uma impressionante estilingada no programa espacial chinês. Em 2003, eles colocaram em órbita – e trouxeram de volta – o oficial de aeronáutica Yang Li Wei, que se tornou o primeiro astronauta-taikonauta chinês. Dois anos depois, uma missão levou dois homens ao espaço. Em 2008, os chineses foram em três para o espaço e fizeram uma caminhada espacial fora da nave. Impressionante.
Hoje, ao mesmo tempo em que lançam o primeiro módulo da sua estação espacial, os chineses anunciam que vão levar ao espaço em 2012, a primeira mulher taikonauta.
Pois bem. Voltando ao binóculo malfeito do início dos anos 80. Os chineses deram um pulo. Fazer uma cópia de um binóculo ou mesmo inundar o mundo com automóveis necessitam de esforço, mas requerem pouca inovação tecnológica.
Colocar algo em órbita e – o que é mais difícil – trazer de volta à Terra, não é coisa para qualquer um. Até hoje, na nossa breve história de conquista espacial iniciada na metade do século 20, apenas norte-americanos e russos colocaram coisas e gentes em órbita e trouxeram de volta. Atualmente, com os cortes orçamentários nos Estados Unidos, apenas a Rússia vem colocando astronautas (ou, como os russos e ex-soviéticos chamam, cosmonautas) em órbita. Vale lembrar que a nave russa, a Soyuz, é projeto da década de 60, com poucas alterações em seu desenho original.
Esse quadro, amigos, até a entrada da China em órbita.
O Brasil, o B dos Brics (que tem a Rússia, a Índia e a China) é o único dos três países que até hoje, não conseguiu colocar nada no espaço. A Índia já mandou diversos satélites em órbita por seus próprios foguetes. O Brasil, até agora, nada.
Levar alguma coisa para o espaço. E trazer de volta com segurança, é fruto de muito investimento, muita pesquisa e tecnologia. Vale ter sido ufanista quando, em 2006, foi um brasileiro ao espaço. O coronel Marcos Pontes foi de carona numa nave russa à Estação Espacial Internacional. Agora, é importante fazer o mea culpa e ver que nosso programa espacial (que traz consigo condições de pesquisa médica, farmacêutica, de defesa, climatológica...) engatinha. Enquanto essa situação perdurar, vamos ver russos, indianos e chineses conquistando o espaço.
Até hoje, não temos no Brasil um programa espacial. Nem marca própria de automóveis. Nem de binóculos.
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