Barabara Ladeia, Brasileconomico
Ao contrário de Lula, que buscou uma personalidade conhecida pelo mercado financeiro para presidir o Banco Central, Dilma Rousseff traz para a liderança da instituição um técnico de carreira na casa.
Apesar de ter trabalhado na equipe de Henrique Meirelles, atual presidente do Banco Central, e ter atuado no Fundo Monetário Internacional (FMI), o fato é que Alexandre Tombini não desfruta do mesmo prestígio que o atual líder da casa.
Para Roberto Piscitelli, professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UNB), esse talvez tenha sido o elemento chave para a escolha de Tombini para o cargo "Meirelles era muito aureolado pelo mercado e, portanto, absolutamente senhor da situação. O fato do novo presidente do Banco Central ter 'uma estrela menos brilhante' gera maior flexibilidade para o debate em torno da política de juros", explica.
Essa também teria sido uma manobra política da equipe do governo Dilma. "Com a escolha de um funcionário de carreira da casa, Dilma sinaliza que quem vai mandar no Banco Central não será mais o empresariado. Agora o Banco Central é uma questão de estado", avalia.
A mudança no entanto, não parece ter desagradado o mercado, que respondeu positivamente às especulações em torno do nome de Tombini para o Banco Central. "Foi uma jogada de mestre. Com a nomeação dele, ela sinalizou uma mudança de orientação de poder sem representar uma ruptura na política monetária", explica.
Mercado
Alex Agostini, economista-chefe da consultoria Austin Rating, não vê no mercado expectativas de grandes mudanças diante da nomeação de Tombini. "Trocou seis por meia dúzia no que tange a política monetária", explica.
No entanto, o gradualismo que marcou a atuação de Meirelles no BC pode não se repetir com a mesma intensidade sob a batuta do novo presidente. "A expectativa é que ele tenha ações mais rápidas para descer os juros caso surja um cenário favorável para isso", avalia Agostini. "Por outro lado, uma vez que ele está mais alinhado com a Fazenda, suas ações em prol da alta dos juros diante da necessidade de frear o consumo devem ser mais lentas".
A única ameaça fica por conta da complacência diante da questão fiscal. "Uma condução desenvolvimentista por pressão do executivo seria o único risco no momento", analisa. "No entanto, é preciso esperar que ele assuma para ver como vai se comportar diante da Fazenda. Não vai ser na apresentação dele ou na sabatina que vamos entender a linha que ele pretende seguir".
Oto Nogami, professor de Ambiente Econômico Global do Insper, entende que o mercado confia na força de Tombini no sentido de contrapor o lado "gastador" do governo desenvolvimentista. "Ele não tem força política, mas é um profissional de carreira, com conteúdo técnico suficiente para sustentar as posições", afirma.
O histórico do novo presidente do Banco Central também favorece essa tranquilidade no mercado. Tombini fez parte da equipe que elaborou o sistema de metas de inflação, o que o torna um defensor natural de uma política mais voltada ao monetarismo. "Ele ajudou a implementar esse sistema e terá condições de defender o controle monetário", ressalta Nogami.
Para a transição, o professor do Insper não descarta a hipótese de que Meirelles prepare o terreno para a entrada do novato. "Ainda temos mais uma reunião do Comitê de Polítca Monetária (Copom) antes da troca da presidência do Banco Central. Acredito que nessa reunião Meirelles deva puxar os juros para cima como forma de descomprimir o início de mandato de Tombini", avalia.
"Já houve uma certa complacência do Banco Central no período eleitoral. Agora ele elevaria a taxa de juros compensando esse período e criando um cenário mais ameno para o novo presidente".
Currículo
Tombini, 47 anos, e é Ph.D. em Economia pela Universidade Illionois, nos Estados Unidos e atualmente ocupa a Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central.
No cargo desde abril de 2006, Tombini atua na casa desde 1998, quando trabalhou como consultor do BC. Entre 2001 e 2005, no entanto, o executivo participou da diretoria executiva da representação brasileira no Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ao contrário de Lula, que buscou uma personalidade conhecida pelo mercado financeiro para presidir o Banco Central, Dilma Rousseff traz para a liderança da instituição um técnico de carreira na casa.
Apesar de ter trabalhado na equipe de Henrique Meirelles, atual presidente do Banco Central, e ter atuado no Fundo Monetário Internacional (FMI), o fato é que Alexandre Tombini não desfruta do mesmo prestígio que o atual líder da casa.
Para Roberto Piscitelli, professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UNB), esse talvez tenha sido o elemento chave para a escolha de Tombini para o cargo "Meirelles era muito aureolado pelo mercado e, portanto, absolutamente senhor da situação. O fato do novo presidente do Banco Central ter 'uma estrela menos brilhante' gera maior flexibilidade para o debate em torno da política de juros", explica.
Essa também teria sido uma manobra política da equipe do governo Dilma. "Com a escolha de um funcionário de carreira da casa, Dilma sinaliza que quem vai mandar no Banco Central não será mais o empresariado. Agora o Banco Central é uma questão de estado", avalia.
A mudança no entanto, não parece ter desagradado o mercado, que respondeu positivamente às especulações em torno do nome de Tombini para o Banco Central. "Foi uma jogada de mestre. Com a nomeação dele, ela sinalizou uma mudança de orientação de poder sem representar uma ruptura na política monetária", explica.
Mercado
Alex Agostini, economista-chefe da consultoria Austin Rating, não vê no mercado expectativas de grandes mudanças diante da nomeação de Tombini. "Trocou seis por meia dúzia no que tange a política monetária", explica.
No entanto, o gradualismo que marcou a atuação de Meirelles no BC pode não se repetir com a mesma intensidade sob a batuta do novo presidente. "A expectativa é que ele tenha ações mais rápidas para descer os juros caso surja um cenário favorável para isso", avalia Agostini. "Por outro lado, uma vez que ele está mais alinhado com a Fazenda, suas ações em prol da alta dos juros diante da necessidade de frear o consumo devem ser mais lentas".
A única ameaça fica por conta da complacência diante da questão fiscal. "Uma condução desenvolvimentista por pressão do executivo seria o único risco no momento", analisa. "No entanto, é preciso esperar que ele assuma para ver como vai se comportar diante da Fazenda. Não vai ser na apresentação dele ou na sabatina que vamos entender a linha que ele pretende seguir".
Oto Nogami, professor de Ambiente Econômico Global do Insper, entende que o mercado confia na força de Tombini no sentido de contrapor o lado "gastador" do governo desenvolvimentista. "Ele não tem força política, mas é um profissional de carreira, com conteúdo técnico suficiente para sustentar as posições", afirma.
O histórico do novo presidente do Banco Central também favorece essa tranquilidade no mercado. Tombini fez parte da equipe que elaborou o sistema de metas de inflação, o que o torna um defensor natural de uma política mais voltada ao monetarismo. "Ele ajudou a implementar esse sistema e terá condições de defender o controle monetário", ressalta Nogami.
Para a transição, o professor do Insper não descarta a hipótese de que Meirelles prepare o terreno para a entrada do novato. "Ainda temos mais uma reunião do Comitê de Polítca Monetária (Copom) antes da troca da presidência do Banco Central. Acredito que nessa reunião Meirelles deva puxar os juros para cima como forma de descomprimir o início de mandato de Tombini", avalia.
"Já houve uma certa complacência do Banco Central no período eleitoral. Agora ele elevaria a taxa de juros compensando esse período e criando um cenário mais ameno para o novo presidente".
Currículo
Tombini, 47 anos, e é Ph.D. em Economia pela Universidade Illionois, nos Estados Unidos e atualmente ocupa a Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central.
No cargo desde abril de 2006, Tombini atua na casa desde 1998, quando trabalhou como consultor do BC. Entre 2001 e 2005, no entanto, o executivo participou da diretoria executiva da representação brasileira no Fundo Monetário Internacional (FMI).
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