Murillo de Aragão, Brasileconomico
Seria injusto dizer que os ataques aos traficantes no Rio de Janeiro são uma reação nova ao crime. Não são. Tampouco podemos considerar certo que 25 de novembro seja o dia em que "o Brasil começou a vencer o crime", como escreveu a revista Veja. A batalha contra o tráfico no Rio está longe de ser vencida por inúmeras razões que serão abordadas a seguir e que indicam uma reflexão sobre como os governantes e a sociedade do Rio de Janeiro devem agir de ora em diante.
A ocupação do Complexo do Alemão, que seria uma etapa a ser cumprida mais à frente, foi antecipada devido à completa estupidez e à ausência de sentido estratégico dos traficantes. Sufocados pelas UPPs, acreditaram que uma ofensiva urbana seria capaz de paralisar a polícia e, quem sabe, colocar a sociedade contra os esforços de combate ao crime.
Talvez, considerando o quadro patológico das instituições no Rio de Janeiro, o raciocínio pudesse estar correto. Mas não está. A bandidagem continua sem entender que a sociedade gosta da droga, mas não da violência. Misturar uma coisa com a outra é seguir a rota do fracasso.
Evidente que o México, onde os ataques dos bandidos têm se intensificado, poderia servir de exemplo aos nacionais. Mas o México não é o Rio. Estamos, ainda bem, alguns passos atrás da situação vivida pelos mexicanos.
Porém, a essa altura, vale responder à pergunta colocada por mim mesmo: por que a guerra está longe de ser vencida? As batalhas podem estar sendo vencidas com as ocupações das favelas e a pressão para que os bandidos operem em outras frequências.
Como lhes falta inteligência, reagem com violência e como dependem de território para agir, temos uma situação de clássica batalha territorial, o que é bem diferente de enfrentar os terroristas de Bin Laden.
A batalha territorial se vence com a ocupação dos territórios. No entanto, estamos longe da vitória final pelo simples fato de que a cultura do crime e a cultura da droga ainda não estão sendo adequadamente combatidas.
Muitos bacanas continuam gostando de cheirar cocaína e fumar maconha sem se importar com a cadeia de eventos que vem atrás desse prazer.
No âmbito da bandidagem, o romantismo bandido é cultuado como se a morte no crime fosse um destino glorioso e inevitável. Ambas são posturas esteticamente atraentes.
Evidente que, na esfera do crime, temos ainda o apelo financeiro. Ao invés de ralar e enfrentar um sistema social injusto e carente de oportunidades, muitos optam pelo ganho no crime, mais rápido e lucrativo.
Porém, não se trata apenas da questão do dinheiro e das mulheres. Existe o status que a bandidagem representa. Status que faz astros do futebol transitarem em áreas de convivência pacífica com a bandidagem.
Culturalmente seria cool ser bandido? Para muitos, sim. Do mesmo modo que muitos acham uma "violência" a PM montar uma blitz e prender quem tem maconha ou cocaína.
Cultural e esteticamente, a sociedade terá que considerar o crime um não caminho, e o consumo de drogas, algo impensável. Ainda é um longo percurso a ser percorrido.
Seria injusto dizer que os ataques aos traficantes no Rio de Janeiro são uma reação nova ao crime. Não são. Tampouco podemos considerar certo que 25 de novembro seja o dia em que "o Brasil começou a vencer o crime", como escreveu a revista Veja. A batalha contra o tráfico no Rio está longe de ser vencida por inúmeras razões que serão abordadas a seguir e que indicam uma reflexão sobre como os governantes e a sociedade do Rio de Janeiro devem agir de ora em diante.
A ocupação do Complexo do Alemão, que seria uma etapa a ser cumprida mais à frente, foi antecipada devido à completa estupidez e à ausência de sentido estratégico dos traficantes. Sufocados pelas UPPs, acreditaram que uma ofensiva urbana seria capaz de paralisar a polícia e, quem sabe, colocar a sociedade contra os esforços de combate ao crime.
Talvez, considerando o quadro patológico das instituições no Rio de Janeiro, o raciocínio pudesse estar correto. Mas não está. A bandidagem continua sem entender que a sociedade gosta da droga, mas não da violência. Misturar uma coisa com a outra é seguir a rota do fracasso.
Evidente que o México, onde os ataques dos bandidos têm se intensificado, poderia servir de exemplo aos nacionais. Mas o México não é o Rio. Estamos, ainda bem, alguns passos atrás da situação vivida pelos mexicanos.
Porém, a essa altura, vale responder à pergunta colocada por mim mesmo: por que a guerra está longe de ser vencida? As batalhas podem estar sendo vencidas com as ocupações das favelas e a pressão para que os bandidos operem em outras frequências.
Como lhes falta inteligência, reagem com violência e como dependem de território para agir, temos uma situação de clássica batalha territorial, o que é bem diferente de enfrentar os terroristas de Bin Laden.
A batalha territorial se vence com a ocupação dos territórios. No entanto, estamos longe da vitória final pelo simples fato de que a cultura do crime e a cultura da droga ainda não estão sendo adequadamente combatidas.
Muitos bacanas continuam gostando de cheirar cocaína e fumar maconha sem se importar com a cadeia de eventos que vem atrás desse prazer.
No âmbito da bandidagem, o romantismo bandido é cultuado como se a morte no crime fosse um destino glorioso e inevitável. Ambas são posturas esteticamente atraentes.
Evidente que, na esfera do crime, temos ainda o apelo financeiro. Ao invés de ralar e enfrentar um sistema social injusto e carente de oportunidades, muitos optam pelo ganho no crime, mais rápido e lucrativo.
Porém, não se trata apenas da questão do dinheiro e das mulheres. Existe o status que a bandidagem representa. Status que faz astros do futebol transitarem em áreas de convivência pacífica com a bandidagem.
Culturalmente seria cool ser bandido? Para muitos, sim. Do mesmo modo que muitos acham uma "violência" a PM montar uma blitz e prender quem tem maconha ou cocaína.
Cultural e esteticamente, a sociedade terá que considerar o crime um não caminho, e o consumo de drogas, algo impensável. Ainda é um longo percurso a ser percorrido.
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