Aqui no macbook, depois de um chazinho de maçã trazido de Istambul, começo batucar umas linhas a respeito do novo debate sobre transporte coletivo na Região Metropolitana de Porto Alegre. Tem muito automóvel na rua, isso ninguém discute. Há o velho jargão classe média que diz "qualquer um pode ter carro hoje em dia". Que bom, né patrão? Quisera que todos, todos os brasileiros pudessem ter o seu possante na garagem. Claro, um lugar para guardar o possante seria interessante, antes de adquirir o sonho de quatro rodas. Pois bem. Para muitos, que já tinham carro há um bom tempo, a horda que ora se aventura nas quatro rodas não é digna de ter seu próprio carrinho. Para essas pessoas que pensam que carro é só para quem pode, carro seria usado apenas por 30% da população. Afinal, as cidades não foram pensadas para uma sociedade motorizada. Triste, não?
Voltemos ao debate sobre transporte coletivo. Atravessar Porto Alegre hoje só é possível por meio rodoviário ou por helicóptero. Ou caminhando. A cidade não dispõe de um transporte alternativo ao rodoviarismo que se implantou e, burramente, suplantou os bondes na década de 70. Porto Alegre sofre na mão - e na cabeça - de uma elite que nunca deu muita bola para o fato de a ATP tomar conta do campinho e não oferecer alternativas sérias de transporte coletivo. O resultado está aí: a cidade pára nos horários de pico.
O PT, que governou Porto Alegre por 16 anos, não soube oferecer nenhuma alternativa. Não implantou metrô, não implantou barcas e não ressuscitou o bonde. Em termos de transporte, o PT na prefeitura aprofundou o atraso ao apoiar o projeto rodoviarista em cima de pneus de borracha. O PT não foi criativo em Porto Alegre.
Voltando ao chazinho de Istambul. A cidade mais importante da Turquia (a capital é Ankara, mas o poder está mesmo em Istambul) está se modernizando de maneira impressionante. Como toda grande cidade do Oriente, tem um trânsito caótico. No entanto, seu transporte coletivo sobre trilhos, incluindo trens, metrôs e bondes, é exemplar para o resto do mundo, seja desenvolvido ou em desenvolvimento.
Para Porto Alegre, falta um pouco de ousadia. Menos discussão ambiental e mais ação. A Capital dos gaúchos precisa, com urgência, de um metrô e de aeromóvel. O que não é mais possível é a dependência exclusiva do transporte coletivo baseado em ônibus.
Comentários
Postar um comentário