assis medeiros
Eu fico muito incomodado com a lentidão no trânsito em Porto Alegre, em Cachoeirinha, em Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo. Nesses lugares eu costumo dirigir o próprio carro. Também incomoda, mas, um pouco menos, a lentidão do trânsito em São Paulo, apesar de estar andando de táxi ou de carona. Sem dirigir, dá pra ler, conversar com mais displicência e também mexer no celular. Dirigir no trajeto entre Porto Alegre e Cachoeirinha, que percorro todos os dias, é estressante. No final do dia, em casa, sinto uma dorzinha chata na planta do pé esquerdo. Reflexo do uso exagerado da embreagem.
Eu também fico muito incomodado com as declarações de gente de todo o tipo, gente simples, trabalhadores, donas de casa, empresários e políticos que reclamam que tem muito carro na rua. Reclamam que o governo está “deixando qualquer um comprar carro hoje em dia”. Reclamam que é só ir à loja e sair dirigindo. Ouço isso com muita frequência. De amigos, inclusive.
Realmente, tem muito carro na rua. Mas, ainda é pouco. Tem muita gente que não tem carro e gostaria de ter a sua própria latinha. Para ter a liberdade de sair à hora que quiser, de poder ir ao supermercado e acomodar as compras no porta-malas. Passear com a família sem depender de horários ou rotas. Muita gente sem carro.
Para quem acha que tem muito carro na rua, uma informação interessante: há pouco carro no mundo! Um estudo da universidade de Cardiff, no Reino Unido, divulgado há algumas semanas, aponta que o mercado internacional precisa de – pelo menos – mais 180 novas montadoras. Isso mesmo. Não novas fábricas. Mas novas montadoras, novas marcas. E cada uma delas, produzindo cerca de 300 mil carros por ano. Mais do que a fábrica da GM em Gravataí, que ainda não chegou na marca dos 300 mil.
O mesmo estudo mostra ainda que nos próximos 20 anos serão produzidos mais veículos (carros, caminhões, motos) do que tudo o que foi produzido em 110 anos de história das quatro rodas motorizadas.
Esses novos automóveis vão para consumidores da China, Brasil, Colômbia, Argentina, México, Quênia, África do Sul, Egito, Nigéria, Angola, Moçambique, Vietnã, Rússia, Turquia e Ucrânia. Em todos esses países há um déficit de carros por habitante. Ou melhor, de habitantes por carro.
Apesar da percepção de que há carro demais nas ruas brasileiras, o correto seria dizer que há ruas de menos para os carros no Brasil. Sim. Os planejadores urbanos não pensavam, até dez anos atrás, que cada família brasileira pudesse ter seu próprio veículo. Não pensaram nisso e também não pensaram em soluções de transporte coletivo de massa com qualidade e dignidade.
Talvez o maior motivo para que alguém, no Brasil almeje ter o seu carro seja o fato de chegar todo amassado no serviço depois de ficar uma hora espremido, de pé, com calor dentro de um ônibus. O transporte coletivo no Brasil é ruim. Muito ruim. Resultado de um desrespeito histórico com o cidadão. Em Porto Alegre, para citar o exemplo da cidade onde trabalho, esse desrespeito ficou evidente nos últimos vinte anos. Entre o final do governo militar e a posse de Fortunati, a prefeitura nunca tratou com respeito a questão do transporte público. Só agora que se fala em metrô subterrâneo. Apesar de a Capital já ter cinco estações do Trensurb.
A ótica foi sempre dos donos das empresas de ônibus. A ótica sempre foi a do rodoviarismo. Porto Alegre perdeu uns 40 anos de desenvolvimento por não pensar o metrô como modal estruturante para transportar os porto-alegrenses com conforto, rapidez, baixo preço e dignidade.
Tem muito carro na rua? Com certeza, não. O problema não é todo mundo querer ter o seu carro. O problema é as pessoas terem que usar o carro para trabalhar, pois andar de ônibus no Brasil é um deboche da cara do cidadão.
Eu fico muito incomodado com a lentidão no trânsito em Porto Alegre, em Cachoeirinha, em Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo. Nesses lugares eu costumo dirigir o próprio carro. Também incomoda, mas, um pouco menos, a lentidão do trânsito em São Paulo, apesar de estar andando de táxi ou de carona. Sem dirigir, dá pra ler, conversar com mais displicência e também mexer no celular. Dirigir no trajeto entre Porto Alegre e Cachoeirinha, que percorro todos os dias, é estressante. No final do dia, em casa, sinto uma dorzinha chata na planta do pé esquerdo. Reflexo do uso exagerado da embreagem.
Eu também fico muito incomodado com as declarações de gente de todo o tipo, gente simples, trabalhadores, donas de casa, empresários e políticos que reclamam que tem muito carro na rua. Reclamam que o governo está “deixando qualquer um comprar carro hoje em dia”. Reclamam que é só ir à loja e sair dirigindo. Ouço isso com muita frequência. De amigos, inclusive.
Realmente, tem muito carro na rua. Mas, ainda é pouco. Tem muita gente que não tem carro e gostaria de ter a sua própria latinha. Para ter a liberdade de sair à hora que quiser, de poder ir ao supermercado e acomodar as compras no porta-malas. Passear com a família sem depender de horários ou rotas. Muita gente sem carro.
Para quem acha que tem muito carro na rua, uma informação interessante: há pouco carro no mundo! Um estudo da universidade de Cardiff, no Reino Unido, divulgado há algumas semanas, aponta que o mercado internacional precisa de – pelo menos – mais 180 novas montadoras. Isso mesmo. Não novas fábricas. Mas novas montadoras, novas marcas. E cada uma delas, produzindo cerca de 300 mil carros por ano. Mais do que a fábrica da GM em Gravataí, que ainda não chegou na marca dos 300 mil.
O mesmo estudo mostra ainda que nos próximos 20 anos serão produzidos mais veículos (carros, caminhões, motos) do que tudo o que foi produzido em 110 anos de história das quatro rodas motorizadas.
Esses novos automóveis vão para consumidores da China, Brasil, Colômbia, Argentina, México, Quênia, África do Sul, Egito, Nigéria, Angola, Moçambique, Vietnã, Rússia, Turquia e Ucrânia. Em todos esses países há um déficit de carros por habitante. Ou melhor, de habitantes por carro.
Apesar da percepção de que há carro demais nas ruas brasileiras, o correto seria dizer que há ruas de menos para os carros no Brasil. Sim. Os planejadores urbanos não pensavam, até dez anos atrás, que cada família brasileira pudesse ter seu próprio veículo. Não pensaram nisso e também não pensaram em soluções de transporte coletivo de massa com qualidade e dignidade.
Talvez o maior motivo para que alguém, no Brasil almeje ter o seu carro seja o fato de chegar todo amassado no serviço depois de ficar uma hora espremido, de pé, com calor dentro de um ônibus. O transporte coletivo no Brasil é ruim. Muito ruim. Resultado de um desrespeito histórico com o cidadão. Em Porto Alegre, para citar o exemplo da cidade onde trabalho, esse desrespeito ficou evidente nos últimos vinte anos. Entre o final do governo militar e a posse de Fortunati, a prefeitura nunca tratou com respeito a questão do transporte público. Só agora que se fala em metrô subterrâneo. Apesar de a Capital já ter cinco estações do Trensurb.
A ótica foi sempre dos donos das empresas de ônibus. A ótica sempre foi a do rodoviarismo. Porto Alegre perdeu uns 40 anos de desenvolvimento por não pensar o metrô como modal estruturante para transportar os porto-alegrenses com conforto, rapidez, baixo preço e dignidade.
Tem muito carro na rua? Com certeza, não. O problema não é todo mundo querer ter o seu carro. O problema é as pessoas terem que usar o carro para trabalhar, pois andar de ônibus no Brasil é um deboche da cara do cidadão.
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